sexta-feira, 25 de setembro de 2015

XI. Êxtase

                                                                                                        

Quando Mariana estava já a certa altura da subida da ponte, encheu-se de coragem e, dirigindo-se a Augusto, lhe pediu:
    - Augusto, posso olhar para baixo?
    - Você não leu a placa da entrada?
    - Li, sim. Mas se você deixar!
   Augusto levantou as sobrancelhas e se rendeu ao atrevimento de Mariana.
    - Olha!
  Mariana virou-se e olhou para a paisagem imensa que se estendia abaixo de seus pés. Contemplou uma beleza que não é possível descrevê-la com palavras. Todos que a olhavam, e estavam mais abaixo, puderam ver os seus olhos iluminados por um êxtase de imensa felicidade. Augusto percebeu o esforço que todos punham para não voltarem a vista atrás e se comoveu.
   - Vamos, podem olhar um pouco, podem olhar para trás.
Todos se viraram e entraram em transe, num estado de abstração, como que transportados para fora de si e do mundo sensível, em sintonia com algo transcendente. Augusto deixou-os nesse estado por alguns minutos. Bateu palmas e todos voltaram a si.

- Então vamos! A subida é longa. O que vocês viram foi uma visão parcial das novas terras que lhes esperam no parque do céu.

Todos se voltaram e retomaram a subida. E uma multidão de pais e filhos, que não se podia contar, se aderiram também àquela excursão. E no meio daquela gente feliz, podia-se ver também milhares de animais de toda espécie subindo igualmente. Um esquilo passou do lado de Mariana, reteve os passos, olhou para ela, como que dizendo: “olá” e retomou a subida com passos ligeiros e determinados.
  
Passado algum tempo, aquela ponte ruiu-se e, todo o parque e todo o mundo, se transformou num deserto. Aqueles que não quiseram subir por ela vagueiam por ele sem rumo. Mas, os que subiram, estão no parque do céu, onde está a civilização do amor, da paz e da felicidade insuperável.

FIM

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