Quando Mariana
estava já a certa altura da subida da ponte, encheu-se de coragem e, dirigindo-se
a Augusto, lhe pediu:
-
Augusto, posso olhar para baixo?
-
Você não leu a placa da entrada?
-
Li, sim. Mas se você deixar!
Augusto
levantou as sobrancelhas e se rendeu ao atrevimento de Mariana.
-
Olha!
Mariana
virou-se e olhou para a paisagem imensa que se estendia abaixo de seus pés. Contemplou
uma beleza que não é possível descrevê-la com palavras. Todos que a olhavam, e
estavam mais abaixo, puderam ver os seus olhos iluminados por um êxtase de
imensa felicidade. Augusto percebeu o esforço que todos punham para não
voltarem a vista atrás e se comoveu.
-
Vamos, podem olhar um pouco, podem olhar para trás.
Todos se viraram e
entraram em transe, num estado
de abstração, como que transportados para fora de si e do mundo sensível, em
sintonia com algo transcendente. Augusto deixou-os nesse estado por alguns
minutos. Bateu palmas e todos voltaram a si.
- Então vamos! A subida é longa. O que vocês
viram foi uma visão parcial das novas terras que lhes esperam no parque do céu.
Todos se voltaram e retomaram a subida. E uma
multidão de pais e filhos, que não se podia contar, se aderiram também àquela excursão.
E no meio daquela gente feliz, podia-se ver também milhares de animais de toda
espécie subindo igualmente. Um esquilo passou do lado de Mariana, reteve os
passos, olhou para ela, como que dizendo: “olá” e retomou a subida com passos
ligeiros e determinados.
Passado algum tempo, aquela ponte ruiu-se e,
todo o parque e todo o mundo, se transformou num deserto. Aqueles que não
quiseram subir por ela vagueiam por ele sem rumo. Mas, os que subiram, estão no
parque do céu, onde está a civilização do amor, da paz e da felicidade
insuperável.
FIM
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