Passado
algum tempo, depois que Ana Maria e Rafael subiram pela ponte, apareceu uma
menina pela primeira vez no parque para brincar. Ela usava tranças e era órfã
de pai e mãe. Chamaram-na para entrar num jogo de bola e ela entrou. Num
momento, a bola foi lançada e parou ao pé da ponte. A menina de trança foi
buscá-la, mas, ao ler as inscrições da placa, ficou parada, cheia de
perplexidade, com a bola na mão. Como ela demorava para voltar com a bola,
outros meninos foram atrás dela porque queriam continuar com o jogo. Quando
eles chegaram, ela lhes fez todas as perguntas sobre aquela ponte. Os meninos
foram respondendo o que sabiam.
Depois,
todos voltaram com a bola para o jogo, mas a menina de trança ficou ali,
olhando extasiada para a ponte com desejo de subir, porém com medo de infringir
a profecia, porque ela era órfã. Ficou lá durante muito tempo, pensando e
contemplando a ponte. Nesse ínterim, viu que alguns adultos subiam por ela e também algumas crianças e adolescentes, acompanhados de seus pais. Zezé também
chegou com seu avô, Dé, e sua avó, Adelaide. Mas estranhamente, para a menina,
eles não entraram na ponte. Também foram chegando outras crianças acompanhadas
por pessoas mais velhas – que pareciam seus avós – e por outras pessoas que não
tinham a aparência de serem pais delas, mas estavam com elas.
A
menina de trança se aproximou de Zezé e lhe abordou:
-
Olá! Meu nome é Mariana e o seu?
-
Eu me chamo Zezé.
-
Ah! Igual o menino do “Meu pé de laranja lima”!
-
É
-
Você vai subir pela ponte? – perguntou, curiosa, Mariana.
-
Não eu não posso, porque sou órfão – Zezé lhe responde. - Estes são meus avós.
Mas hoje nós viemos aqui porque o Rafael e a Ana Maria… Desculpe, você conhece a
história do Rafael e da Ana Maria?
Mariana
disse que não conhecia. Então Zezé lhe contou tudo e continuou.
-
O Rafael e Ana Maria enviaram uma mensagem do parque lá do céu para todos os
órfãos, pedindo que viessem aqui hoje. Eles não disseram porquê. Só disseram
que viessem, por isso estou aqui. Essas crianças também devem ter recebido essa
mensagem por serem órfãs, por isso estão aqui com seus avós e pais adotivos.
Você não recebeu essa mensagem, Mariana? – perguntou com espanto, Zezé.
Mariana
se encheu de tristeza.
- Não! Eu não
tenho celular e nem faço parte de nenhuma rede social.
-
Bem! Mas você pode ficar aí e esperar comigo o que vai acontecer. Afinal, você
também é órfã, não é?
A
multidão de órfãos e parentes deles começou a se alvoroçar quando perceberam
que um homem vinha descendo pela ponte vindo do alto. Quando estava a mais ou
menos cinquenta metros do solo, ele parou e com o olhar percorreu toda a
paisagem a sua volta. Depois, olhou fixamente para Mariana e, após alguns
segundos, desviou o seu olhar para o Zezé. Essas duas crianças perceberam como
seu olhar brilhava de paixão. O homem também olhou com amor a todos os órfãos
que estavam ali, por terem respondido àquele encontro marcado.
Chegando
ao chão, ele estendeu a mão para o Zezé e convidou-o a subir pela ponte. Zezé
olhou para seus avós, como que perguntando: posso? E, animados por eles, deu a
mão àquele homem. Então o homem dirigiu a sua outra mão a Mariana e lhe
perguntou:
-
Você também quer vir?
Mariana
não sabia o que dizer, estava muito emocionada.
-
Eu sou órfão, posso subir?
O
homem derramou seu olhar terno sobre ela.
-
Não lhe falaram da parte da profecia que dizia que alguém viria buscar os
órfãos e os levaria para o parque do céu?
-
Sim, O Zezé me explicou sobre isso! – respondeu com entusiasmo, Mariana.
- Então vem, eu sou esse alguém!
Mariana,
timidamente, correu para lhe dar a mão.
O
homem olhou, então, para a multidão e disse:
-
E todos os órfãos que aqui estão e aceitaram o convite que Rafael e Ana Maria
lhe fizeram, podem vir também. Venham também seus parentes consanguíneos ou
afins, que cuidaram dessas crianças como verdadeiros pais e mães.
Com
essa consigna alvissareira todos se aproximaram da ponte para subir por ela. O
homem se virou, tendo as duas crianças presas as suas mãos, e iniciou a subida,
seguido pelas crianças e adultos, que formavam grupos e cantavam várias canções
alegres.
Dé,
o avó de Zezé, se aproximou do homem que levava pela mão seu neto e Mariana.
-
Podemos saber qual é o seu nome?
-
Augusto. Eu sou o engenheiro que construiu esta ponte. Você recebeu a mensagem
de meus pais. Eles estão lhe esperando ansiosos no parque do céu.
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