Num
dia daqueles, um casal publicou na mídia sua intenção de subir a ponte. Marcou
data e convidou, a quem quisesse assistir a sua subida, a estarem ao pé da
ponte naquela data. No dia combinado, uma multidão estava lá presente. Várias
emissoras de televisão estavam também para cobrir o evento. Queriam transmiti-lo
para todo o mundo.
Na
hora agendada, um homem e uma mulher, elegantemente vestidos à rigor e que
teriam por volta de sessenta anos, fizeram-se presente no local juntos e de
mãos dadas. Dirigiram-se serenamente à ponte, acompanhados pelos olhares
atônitos, curiosos, esperançosos, céticos e disfarçadamente indiferentes das
pessoas que a assistiam presencialmente ou virtualmente. Ao pé da ponte, ambos
viraram para a multidão e o homem disse:
- Vocês estão
aqui ou nos assistindo pela mídia porque querem, por motivos diversos, saberem
se teremos coragem de subir por esta construção. Muitos não acreditavam que o
engenheiro Augusto seria capaz de construí-la e ainda há muitos que duvidam da
sua segurança. Muitos também não acreditam que ela irá dar naquele parque lá do
céu, de que fala a profecia, e onde há jogos e brinquedos variadíssimos, muito
mais encantador do que qualquer parque aqui da terra. Mas muitos, depois que
essa ponte subiu para as alturas e permanece estável de um modo magnífico,
voltou a se lembrar da profecia esquecida e, aqueles que não a conheciam, se
puseram a pesquisar sobre ela, recordando e conhecendo a história de alguns
casais que lá subiram com seus filhos antes dela ser destruída.
O
homem fez uma pausa e, em seguida, a mulher começou a falar.
-
Os mais velhos se lembraram e os mais jovens conheceram – pelo relato dos mais
velhos ou por terem pesquisado pessoalmente -
a história dos dois adolescentes que tentaram subir sem seus pais e que
foram a causa da destruição da ponte. Como vocês também sabem, esses
adolescentes foram expulsos desta cidade e nunca mais se ouviu falar deles.
Eles se chamavam Rafael e Ana Maria. Rafael foi morar com seus avós no interior
e, Ana Maria, foi acolhida por eles, já que ela era órfã e seus avós já estavam
muito velhinhos e não podiam cuidar dela. Rafael e Ana Maria ficaram muito
amigos, se apaixonaram e se casaram. Tiveram um filho, que recebeu o nome de
Augusto, tornou-se engenheiro e construiu esta ponte.
Gritos
de diversos tons e emoções ecoaram-se pelo parque e nos locais onde esse relato
era ouvido através da mídia.
-
Eu sou Rafael – gritou com emoção o homem.
-
E eu sou Ana Maria – berrou com mais força a mulher.
A
comoção entre os assistentes foi geral. Uns choravam, outros punham a mão na
boca, outros, deixavam-na aberta, manifestando comoção, espanto e surpresa.
-
Augusto, nosso filho, telefonou-nos do céu – disse Rafael, apontando seu dedo
para o alto. - E disse-nos que subíssemos para lá, porque a ponte já está
terminada. Ele e aqueles que o ajudaram a construí-la já estão no parque lá de
cima. As esposas filhos e familiares deles também receberam o convite de
subirem conosco. Quem aceitou o convite, se aproximem para nos acompanhar na
subida.
Várias
daquelas esposas, com suas crianças se aproximaram. Estavam também elegante e
orgulhosamente vestidos. Alguns jovens e mais velhos daquelas famílias também estavam
lá, porque decidiram subir. E todos se puseram ao lado de Rafael e Ana Maria.
-
Está ponte não foi feita só para nós, e sim para todos os que creem na profecia
e têm coragem de ariscar – falou com emoção, Ana Maria.
-
Espero que muitos acreditem e se aventurem – disse Rafael, e acrescentou: - eu
e Ana Maria fomos os culpados daquela primeira ponte ter-se rompido. Mas o
destino providente transformou o que se iniciou em desgraça para muitos em
glória para todos. Mas respeitem os dizeres da placa – ao dizer isso, pegou na
mão de Ana Maria e ambos se viraram na direção da ponte.
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