terça-feira, 25 de agosto de 2015

VI. Reencontro

Depois de meia hora avançando nos trilhos, o trem, no qual Rafael e Dé entraram clandestinamente, parou numa estação. Quando a maria fumaça se pôs novamente em movimento, Dé olhou para fora e viu Ana Maria agachada em baixo de uma árvore e avisou a Rafael:
- Olha! É ela ali.
- Vamos, Dé, temos que descer do trem.
- Mas as portas já estão fechadas e o trem já começou a andar – ponderou, Dé.
- Então vamos ter que pular a janela e rapidamente, antes que esta máquina pegue velocidade. Vá, pule, pule.
Dé pulou pela janela e Rafael foi atrás para espanto dos passageiros, principalmente da senhoria, que gritou de susto.
- Tchau, vovó, já temos que ir – disse-lhe gracejando, Rafael.
Correndo, foram onde Ana Maria estava, que continuava chorando e muito triste. Ao vê-los, ela levantou-se num salto e os abraçou com emoção. Contou como, depois que o seu trem partiu, todos queriam saber o que tinha acontecido. Mas ela não quis revelar nada, manteve-se em silêncio, ou melhor, chorava convulsivamente. Depois de uns minutos o trocador disse que havia telefonado à prefeitura de uma cidade que ficava mais adiante e ela seria deixada lá para ser entregue aos cuidados do município que a levaria para um albergue. Porém, naquela estação onde estavam, ela aproveitou a parada do trem – que ia pegar mais passageiros - e, um pouco antes das portas se fecharem, ela escapuliu para o mato.
- Acho que não quiseram vir atrás de mim – concluiu ela o seu relato.
- Vou telefonar para meu pai e ele virá nos pegar de carro – tomou a decisão, Rafael.
Por telefone ele explicou ao pai sucintamente o que tinha acontecido e pediu que fosse lhes pegar naquela estação que ficava uma meia hora da cidade. Seu pai e sua mãe foram, depois de tomarem algumas providências.
Os três já estavam começando a passar frio com a queda do sereno, quando, finalmente, os pais de Rafael chegaram à estação onde eles os esperavam.
- Oh! Meu filho. Quando você telefonou, eu estava indo ao seu quarto lhe chamar para ir jantar. Ainda bem que não fui antes, porque teria morrido do coração – desabafou a mãe de Rafael.
- Você, Rafael, não poderá voltar à cidade por agora – explicou o pai de Rafael. – Sua mãe e eu preparamos algumas roupas e vamos lhe levar para a casa da sua avó agora mesmo. Você vai ficar lá alguns dias até que os ânimos na cidade se acalmem.
- E Ana Maria? Ela também não pode voltar à cidade? Ela terá que vir conosco também – implorou Rafael.
- Nós passamos na creche e pegamos os pertences de Ana Maria. Estão aí no carro. Sim nós levaremos ela para a sua avó e comunicaremos aos avós dela para irem pegá-la. Quanto ao Dé, ele voltará conosco para a cidade. Dissemos aos seus pais que estávamos vindo para isso – ponderou o pai de Rafael.
- Pai, Ana Maria não pode ir morar com seus avós, eles não têm condição de cuidar dela, por isso a enviaram à creche! – assim Rafael argumentou para que seus pais a deixassem ficar com ele na casa da avó.

- Depois, veremos isso melhor. Agora vamos, temos uma longa viagem a fazer até a casa da sua avó – completou o pai de Rafael.

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